Dos Nomes e dos Antagonismos que Invento
Há dias numa daquelas reuniões onde se abordam tópicos relacionados com o sistema educativo um Professor, com ligações ao Ensino Profissional, defendia a urgência em centrar o ensino nos interesses dos alunos de modo a sublinharmos mais os aspectos de aprendizagem que os de ensino.
Discurso assertivo daqueles que enfatizam, mesmo que não de forma explicita, argumentos que sustentam perspectivas de uma escola mais inclusiva.
Na continuidade do seu discurso e como condição para que estes pressupostos se pudessem realizar reivindicou, o dito Professor, o imperativo de reforçar os Serviços de Orientação e Psicologia (SPO) nas escolas. Ideia que foi apoiada por outros Professores.
É neste momento, que se começaram a acinzentar expressões como: autodeterminação, projectos de vida, aprendizagem ao longo da vida, aprendizagem em contexto real de trabalho, tomada de opções com responsabilidade, etc. Um daqueles momentos em que me assaltam dúvidas que me deixam sempre alguma preocupação. Entre o chamar à liça a discussão sobre os "sinais vitais" de um serviço moribundo, quase esvaziado das funções que legalmente o corporizam ou sublinhar a necessidade de reflectirmos sobre o conceito de Orientação Vocacional... Acabei por não alinhar por nenhuma destas opções.
É verdade que sempre podíamos enveredar pela reflexão dos vários modelos de orientação vocacional, pelo que são as práticas de Orientação Vocacional em diversos países, por algumas experiências em jeito de projectos que houve em Portugal, eu sei lá.
Nesta panóplia de possíveis vingavam duas realidades inconciliáveis! Por um lado o que deve ser a Orientação Vocacional. Por outro lado a imagem daqueles instrumentos preenchidos num gabinete em três ou quatro sessões donde, normalmente, resulta um veredicto com duas ou três profissões que o aluno deve seguir.
Neste antagonismo, invade-me a ideia de não bater, entre o inicio do discurso e a sua continuidade, como se diz nas beiras, a "bota com a perdigota" e... lá me brota em catadupa a expressão: exploração de áreas vocacionais.
Naquele momento, já que estávamos entre Professores, pareceu-me uma ideia mais interessante para discutirmos. Estando em fase optimista realizei todo um conjunto de dinâmicas integradas no currículo, de uma acção iniciada logo no Pré-Escolar...
A verdade é que pela forma como o Professor fez segunda intervenção e pelo olhar reprovador com que me brindou no final de dita reunião... pareceu-me que não gostou mesmo nada da expressão.
Afinal entre o que deve ser e o que é e, ainda, no pressuposto do que podia vir a ser, são anseios que só existem mesmo na minha cabeça.
2016-10-25