Há fenómenos que de tão fenomenais me deixam, no mínimo, alcovitado.

Compreendo que quem consegue, ainda, ouvir e ler as minhas palavras que já se prolongam por algumas gerações (poucas diga-se em abono da verdade e da perspectiva), desconfiará de uma pessoa que, como eu, tantas vezes se sente intrigado. Como a minha mãe e o meu pai, de outra geração (não sei se a primeira, pois mais uma vez depende da perspectiva) se exasperavam com estas minhas crises. Crises da minha geração (não sei se a segunda, pois também aqui depende da perspectiva).

Mas deixem-me que aqui registe uma das últimas razões que me tem trazido intrigado. Precisamente a que tem a ver com uma denominada 2.ª geração. Não a minha, muito menos a dos meus pais ou outro qualquer ente vivo mas com a da escola dita inclusiva.

Pois não é que a expressão "escola inclusiva de 2.ª geração" tem emburrado diversos discursos e começa a animar a denominação de seminários, paineis de seminários e afins.

• Não se preocupe vem ai a escola inclusiva de 2.ª geração (já alguém disse a uma mãe que argumentava contra uma escola que percecionava pouco inclusiva)
• Vamos construir uma escola inclusiva de 2.ª geração, argumentava outro a favor das tais inovações e mudanças)

Intriga-me a expressão e domina-me a vontade de saber quem a concebeu e de que modo tem vindo a entusiasmar tantos para que dela façam razão de e para tantas mudanças e inovações.

Com toda a certeza virei a agradecer tamanho envolvimento e adesão e, claro, tamanha grandiosidade de mudança e inovação.

Hoje somente me assalta a vontade de confirmar o significado de geração. Verdade que nem o ponto 10 do seu possível significado me deixa tranquilo.

Quanto à possível história da expressão que gerou estas palavras: "escola inclusiva de 2.ª geração", ficará para outras estórias. Quando o pai que, por se ter esquecido da escola, não se lembre que a concebeu. Quando todos os outros e outras que a animam preferirem fazer de conta que não geraram o seu crescimento e lhe foram tratando do corpo e da mente (se é que as expressões podem ter corpo e mente). Quando muitos outros e muitos dos mesmos, para sobreviverem, gerarem outra geração de expressões. 

Então, só então, poderá gerar a verdadeira estória. Quem sabe possa, daqui a uns anos, ser uma das estórias com tempo. Será que nesse momento alguém assumirá o quanto contribuiu para gerar a dita expressão?? Sem saber como, por quem ou porquê se gerou a dita???

2016-11-2

Joaquim Colôa